Após seis anos em queda, segurança privada volta a criar vagas de empregos

Quarenta e cinco mil novos postos foram abertos nos últimos 12 meses. Dados fazem parte do Anuário Brasileiro de Segurança Pública

Um dos principais setores econômicos do País, a segurança privada registrou no primeiro semestre de 2024 um total de 530.194 vigilantes contratados pelas empresas autorizadas pela Polícia Federal. Um aumento de 9,3% (45.121 novos postos de trabalho) em relação ao mesmo período de 2023. Desse total, 505.862 atuam nas empresas privadas. Os outros 24.332 estão empregados em empresas orgânicas. É a primeira vez desde 2018 que o segmento contrata mais do que demite. 

Os dados fazem parte do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, que foi apresentado nesta quinta-feira (18), e comprovam que a atividade cresce com a melhora da economia e não com o aumento da violência. Com um crescimento de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2023, o Brasil voltou a figurar entre as dez maiores economias do mundo. 

O presidente da Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist), Jeferson Nazário, destaca que “mesmo com o crescimento registrado nos últimos 12 meses, o número de postos de trabalho é bem menor do que o registrado em 2015. Naquele ano, 631.028 estavam empregados. A partir daí, com exceção de 2018, até então, todos os anos que se seguiram registraram queda no número de vagas”. 

Ainda de acordo com Anuário, a análise dos dados da PF aponta que 4.978 empresas estão autorizadas a funcionar no país, crescimento de 3,6%. São 3.089 empresas privadas e 1.889 orgânicas, ou seja, companhias que não têm a segurança privada como atividade principal, mas se submetem às regras da Polícia Federal para gerirem a sua própria segurança.

Crescimento também no número de escolas de formação. De acordo com a Associação Brasileira de Cursos e Aperfeiçoamento de Vigilantes (ABCFAV), no início de maio deste ano, 356 estabelecimentos estavam autorizados pela PF, contra 328 no ano passado. Um aumento de 8,5%.

Além disso, Setecentos e noventa e nove mil (799.117) pessoas estão com o curso de formação atualizado, ou seja, aptas a desempenharem a função. Três por cento a mais que no ano passado. Outras 2.516.674 estão com o curso vencido. Números que mostram o potencial do mercado.

Perfil do Vigilante

Quando se analisa o perfil dos profissionais em atividade, dados do Ministério do Trabalho e Emprego apontam que 87% são do sexo masculino e 13% feminino. Quase 70% têm entre 30 e 49 anos. 

A porcentagem de profissionais com ensino médio completo representa77,4% dos profissionais. Outros 3% possuem curso superior completo. 

“Uma demonstração clara da evolução da atividade que emprega trabalhadores com grau de escolaridade acima do exigido por lei”, afirma o presidente da Fenavist.

Outros Dados 

Desde 2021, o número de carros-fortes caiu cerca de 7,9%. Eram 4.598 três anos atrás. Agora, somam 4.236. No mesmo período, a quantidade de veículos leves utilizados na atividade de transporte de valores diminuiu 11%, passou de 1.001 para 892. 

Jeferson Nazário argumenta que os dados demonstram uma tendência de mudança nos serviços prestados pelas transportadoras de valores. 

“Existe uma influência cada vez maior de novas tecnologias no mercado. A evolução acompanha a mudança da forma como os pagamentos são feitos, por exemplo. Se até há pouco tempo a utilização do papel moeda imperava, o surgimento de novas tecnologias criou novas formas de transações eletrônicas. Para se adaptar ao novo cenário, as empresas de transporte de valores têm buscado diversificar os serviços oferecidos, sempre incorporando novas tecnologias, caso, por exemplo, dos cofres inteligentes, que diminuem a quantidade de vezes na semana que a transportadora precisa recolher o numerário do cliente, além da execução de todo serviço de tesouraria”, explica Nazário.

A escolta armada também tem investido pesado em novas tecnologias para evitar prejuízos que, segundo estimativas, podem chegar a R$ 2 bilhões de reais por ano. E os esforços têm dado resultado, como mostra o crescimento do número de veículos empregados na atividade. Em 2021, eram 3.517. Em maio desse ano, 3.873, alta de 10%.

Estatuto da Segurança Privada

Apesar da melhora nos indicadores após seis anos, o presidente da Fenavist lembra que os dados ainda estão longe do potencial total a atividade. 

“Uma questão que tem se arrastado há mais de uma década e trava o crescimento e a geração de novos postos de trabalho é a aprovação do Estatuto da Segurança Privada. A Lei 7.102/83, que rege a segurança privada no Brasil, está em vigor há mais de 40 anos e não acompanhou a modernidade do setor e, portanto, encontra-se totalmente defasada. A própria Polícia Federal, como órgão fiscalizador, também se ressente de uma lei mais moderna e atual, como meio para coibir e criminalizar com maior rigor a clandestinidade. Estima-se que o número de companhias clandestinas que atuam no setor seja quase o dobro das legalizadas, causando a chamada concorrência predatória”, lamenta Jeferson Nazário.

A falta de uma legislação adequada também causa prejuízo financeiro aos cofres públicos e coloca em risco a vida da população. 

“Calcula-se que os serviços clandestinos movimentem mais de R$ 60 bilhões por ano, valor que escapa também ao recolhimento de tributos. Em quase todos os casos, há ainda violação flagrante dos direitos trabalhistas por meio de postos informais de trabalho, com pessoas totalmente despreparadas e sem formação para exercer a função de vigilante. Como essas empresas não são fiscalizadas pela PF, os equipamentos utilizados nesse tipo de segurança podem ser oriundos de outras atividades ilegais, como armas e munições de origem irregular ou contrabandeadas”, aponta Nazário.

Um outro exemplo é a falta de total regulamentação da segurança eletrônica no país, o que permite que empresas ilegais explorem este mercado sem qualquer controle. 

“A aprovação da nova legislação, que aguarda a votação final pelo Senado Federal desde 2016, é fundamental para o crescimento e desenvolvimento deste setor tão importante para a sociedade como um todo”, conclui o presidente da Fenavist.

Fonte: portaldocomercio.org.br

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